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Com água e saneamento, cooperativas melhoram qualidade de vida em pequenas comunidades

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Imagine morar à beira de grandes rios da Amazônia e não ter água de qualidade na torneira de casa? Realidade de muitos ribeirinhos, esse também era o cenário dos moradores da comunidade de Santo Ezequiel Moreno, na cidade de Portel (PA), em pleno Arquipélago do Marajó. Com a participação de uma cooperativa de produtores de açaí, a história começou a mudar com a implantação de uma tecnologia social que já garantiu saneamento básico para cerca de 200 famílias da região. 

Desenvolvido pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) com recursos do Fundo Amazônia, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundação Banco do Brasil, o projeto Sanear Marajó Socioambiental tem mudado a paisagem local com itens que parecem básicos para a maioria dos brasileiros, mas de grande impacto para quem vive em meio à floresta: banheiros e caixas d'água. 

Cada família recebe uma estrutura equipada com vaso sanitário, chuveiro, pia e fossa biodigestora; um sistema de captação da água da chuva e um conjunto de pia com filtros para garantir consumo de água limpa e de qualidade. Entre os beneficiados, estão as famílias dos 48 cooperados da Cooperativa Agroextrativista e Pecuária da Comunidade de Santo Ezequiel Moreno (Coopiaçá), que contribuiu com parte de logística e infraestrutura para o projeto se tornar realidade. 

Criada para fortalecer a cadeia produtiva do açaí, a Coopiaçá também atua na agricultura familiar, garantindo trabalho e renda para os cooperados, fortalecendo a economia local e promovendo o desenvolvimento sustentável em uma das regiões mais vulneráveis do país.

Além dos módulos individuais para cada família, a comunidade dos cooperados da Coopiaçá também recebeu uma infraestrutura coletiva, com um sistema de captação de água de poço artesiano profundo, tratamento, armazenamento e distribuição. 

Com as melhorias, os cooperados passaram a ter acesso à água limpa e segura para consumir e utilizar nas lavouras e, ao mesmo tempo, evitam a contaminação dos rios que são quintais de suas casas. “O projeto Sanear tem sido muito importante para a comunidade porque foca na questão ambiental. Antes, por exemplo, não tínhamos fossa séptica adequada, agora podemos fazer nossa parte para não poluir as águas”, destaca o presidente da Coopiaçá, Teofro Lacerda. 

Em 2024, a atuação da cooperativa no projeto Sanear Marajó foi reconhecida no Prêmio SomosCoop Melhores do Ano com o segundo lugar na categoria Desenvolvimento Ambiental. 

A participação da Coopiaçá na iniciativa socioambiental é um dos exemplos de como as cooperativas brasileiras estão comprometidas com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para garantir a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos até 2030. 

Em várias partes do Brasil, cooperativas de diversos segmentos desenvolvem iniciativas de preservação e uso sustentável das águas. As ações incluem mapeamento e conservação de nascentes, recuperação de rios degradados, uso racional dos recursos hídricos na produção  agropecuária e educação ambiental. Com foco na sustentabilidade e no desenvolvimento econômico e social das comunidades em que atua, o cooperativismo tem trazido soluções para os problemas reais vividos pelas pessoas.

Da Amazônia ao agreste

No interior de Sergipe, no município de Lagartos, uma iniciativa da Cooperativa de Eletrificação e Desenvolvimento Rural Centro Sul Sergipe (Cercos) tem garantido água potável para consumo humano e sistemas de irrigação desde 2019. 

Mas o que uma cooperativa de energia elétrica tem a ver com fornecimento de água? De acordo com o presidente da Cercos, Aroldo Costa Monteiro, tudo começou quando um cooperado, durante  uma assembleia geral, levantou a possibilidade de usar os recursos das sobras da cooperativa para escavar e revitalizar poços artesianos no povoado de Colônia Treze. 

“O objetivo inicial era gerar emprego e melhorar a renda dos trabalhadores da comunidade. Logo depois, definimos a meta de levar água potável a quem ainda não tinha abastecimento em casa, e assim nasceu o projeto dos poços artesianos, um dos mais importantes executados pela Cercos até hoje”, detalhou o presidente.

Um poço artesiano é uma estrutura de captação de água subterrânea construída por meio de perfuração no solo até alcançar os aquíferos (reservas subterrâneas). Considerada uma solução econômica, de qualidade e longa vida útil, a instalação de poços artesianos é uma das estratégias mais utilizadas para enfrentar a escassez hídrica em algumas regiões do Nordeste.  

Em Sergipe, sete poços foram perfurados ou revitalizados pelo projeto cooperativista e já beneficiaram 362 famílias das comunidades de Açu Velho, Luiz Freire, Taboca, Piçarreira e Açuzinho. A água chega diretamente às casas das famílias e também a chafarizes comunitários, garantindo a irrigação de lavouras da agricultura familiar. 

Um novo poço está sendo concluído e deve atender a mais 90 famílias da região, segundo Monteiro. “Essa água representa saúde, dignidade e melhoria de renda para os que utilizam o recurso para irrigação”, destaca Monteiro. Em 2022, o projeto da Cercos venceu o Prêmio Somos Coop Melhores do Ano na categoria Coop Cidadã.

O projeto dos poços artesianos é apenas uma das iniciativas da Cercos para melhorar a qualidade de vida no agreste sergipano. Fundada em 1976, a coop reúne mais de 5 mil cooperados e atende a uma população de 25 mil habitantes, de forte tradição cooperativista. 

“Nosso povoado nasceu graças ao cooperativismo. Foi a Cooperativa Mista de Agricultores da Colônia Treze quem fundou nossa comunidade, por volta de 1960, e hoje a Cercos continua esse legado de manter o cooperativismo vivo aqui”, lembra Monteiro. 

Atualmente, a cooperativa é um dos maiores empreendimentos da comunidade, gera 55 empregos diretos e injeta R$ 3,5 milhões por ano na economia local, demonstrando, na prática, o papel do cooperativismo para o desenvolvimento sustentável. 

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